terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Um livro em imagens: Paixão Numa Noite de Inverno

A escritora Eloisa James escreve romances lindíssimos inspirados em contos de fadas. Paixão Numa Noite de Inverno é considerado o primeiro da série de contos de fadas reinventados, seguindo-se O Beijo Encantado, Milagre de Amor e Duas Irmãs, um Duque, embora os quatro livros sejam independentes uns dos outros e possam ser lidos separadamente. Já tive oportunidade de os ler a todos. Ao nível da história, considero que este livro foi o que menos me cativou. Até achei que algumas das personagens secundárias eram mais interessantes que os protagonistas. Mas os outros livros da série vão melhorando, o seguinte é sempre melhor que o anterior! Apesar de este não ser o meu preferido, a escritora foca-se muito nalgumas curiosidades da época jorgiana que me interessam particularmente. Somos, assim, transportados para um ambiente de glamorosas "Marias Antonietas" com toucados altíssimos e vestidos com anquinhas.
A época Jorgiana é um período da história do Reino Unido compreendido entre os anos 1714 e 1830. Paixão Numa Noite de Inverno decorre sobretudo no ano de 1783. Nesta altura, era habitual os membros da alta sociedade ostentarem penteados muito elaborados e difíceis de concretizar, apresentando geralmente uma cor branca, acizentada ou até rosa, devido ao pó de cabelo que utilizavam. 

Os quadros onde podemos ver as senhoras penteadas dessa maneira são quase mágicos, mas usar aqueles cabelos espalhafatosos era uma verdadeira tortura. Esses toucados alojavam toda a espécie de bichos, sebo, cola e gordura animal. A própria Poppy, a protagonista, desenvolve uma alergia ao pó do cabelo e tem de o cortar por causa do desalinho em que este se encontra. O que devia ser bastante comum na época, uma vez que lavar o cabelo era raro e os penteados demoravam horas a fazer e continham todo o tipo de apetrechos.

- O teu cabelo estava tão alto como a torre da Babilónia.

 

  1. Princesa Elisabeth de França (1764-1794), cunhada de Maria Antonieta. 2. Auto-retrato de Elisabeth Vigee Lebrun, 1782. 3. Countess de Baviere-Grosberg, Alexander Roslin, 1780.

As três princesas mais velhas (detalhe), Thomas Gainsborough, 1784.

As senhoras que estavam na moda, no final do séc. XVIII, usavam decotes tão profundos que se arriscavam a expor em demasiado o peito. Esta moda extrema era mais frequente em França, mas estendeu-se até Inglaterra. Neste livro há muitas referências às diferenças existentes entre as senhoras francesas e as inglesas, sendo a últimas um pouco mais conservadoras. Outra das modas eram as anquinhas, uma armação interior usada para criar volume lateral ou traseiro nos vestidos, tornando simples actos, como o de sentar ou passar por portas em grandes desafios.

O vestido era de um carmesim tão escuro que parecia quase preto. E o corpete descia muito abaixo dos seios. Não havia nada a não ser o bocadinho mais ténue de renda a cobrir-lhe os mamilos.


Um jovem no jardim, segurando um ramo de flores, Jean-Frédéric Schall, final do séc. XVIII | Moda francesa em 1780. 

Moda francesa em 1780.

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